36

SÓCRATES Dezembro 2020 “Ontem” entrevistei o ex- craque da Seleção Brasileira e do Corinthians, Dr. Sócrates; esta é a sensação que tenho ainda hoje, apesar da entrevista ter acontecido em 2008. Falar com o Doutor e ter aproveitado da sua imensa capacidade intelectual não é apenas uma referência para o jornalista, e sim marca a trajetória do homem que o entrevistou. Sócrates faleceu em 2011, deixando muitas saudades, ainda mais nos tempos em estamos vivendo, onde a sua lucidez faz falta. Abaixo transcrevo o papo que tive com o melhor camisa número 8 que vi jogar. Entrevista realizada em setembro de 2008 Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, aos 54 anos, continua o mesmo questionador à época de jogador. O excraque dentro de campo se tornou um mestre nas palavras. Inteligente, culto e politizado consegue expor seus pensamentos com clareza e diz a revista Trivela(Setembro de 2008) que pretende lançar uma chapa com o ex-jogador Wladimir à presidência do Corinthians e até se arriscar na vida pública como Deputado Federal ou Senador. Como você avalia a gestão de Ricardo Teixeira a frente da CBF? Sócrates- Ganhar duas Copas do Mundo com a seleção brasileira em 20 anos é praticamente natural. O difícil seria vencer com o selecionado israelense. Nada contra Israel. É só um exemplo. Na verdade, os jogadores brasileiros têm muita qualidade. A “commodity” é muito boa. O futebol nacional, ou melhor o esporte distorceu seu caminho com a mudança da lei em 1988. O Corinthians deu um belo exemplo disto, aprovando eleições diretas e mudando seu estatuto. Até pouco tempo os dirigentes ficavam uma década no comando dos clubes. Temos que mudar a estrutura do esporte nacional. Não só da CBF. Hoje, jogadores de futebol aceitam o primeiro convite para atuar no exterior e não importa o país, pode ser a BieloRússia ou a Ucrânia. E você recusou quatro propostas em 1984. Por quê? Sócrates- Eu não queria. Em 1984, realmente eu recebi quatro convites: Inter de Milão, Napoli, Barcelona e um time francês, acho que era o Racing. Não queria ir, aqui era a minha casa, o país passava por uma mudança democrática. Mas quando a emenda Dante de Oliveira( lei que permitiria a eleição do presidente da República pelo voto direto) não passou no 36

37 Publizr Home


You need flash player to view this online publication