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SÓCRATES Dezembro 2020 O grau da intimidade era tão espantoso entre o craque e o público, por exemplo, na Argentina poucos usavam “Maradona”, o comum na imprensa e com o público é (e sempre será) Diego. Conhecemos os jogadores argentinos pelo sobrenome: Gabriel Batistuta, Lionel Messi, Cláudio Cannigia, Martin Palermo, Ubaldo Fillol, Carlos Tevez, Sérgio Aguero, Passarela, Carlos Bilardo, César Luís Menotti, Marcelo Bielsa, Alfredo Di Stefanno, Mário Kempes, Diego Simeone, Juan Sebastian Véron, Fernando Redondo e Juan Roman Riquelme. Mas somente um é chamado pelo primeiro nome: Diego Armando Maradona. O ponto é que essa relação exigia explicações apenas de uma parte. A morte de Diego era tão clara e evidente estava que por ninguém, nenhum pobre vir e não iria demorar. diabo Mas quis enxergar o fatídico e inevitável dia. E agora há uma busca insana por um culpado, já foram acusados o médico, as filhas, as ex-mulheres, a enfermeira, a irmã, o psiquiatra e a cuidadora. O fato é que foram todos...nós. Matamos Diego quando precisou de ajuda e o julgamos, liquidamos Diego, Daniel quando foi preconceituoso, homofóbico e rimos; tiramos a sua privacidade ao ficar doente pelo vício na cocaína e o abandonamos Maradona ao receber a suspenção na Copa de 1994, pelo uso de efedrina. Não lhe demos o direito de defesa, não investigamos se usou o remédio ou foi lhe dado sem saber, apenas o trituramos moralmente. Diego Armando nunca pediu para ser exemplo, mas a figura pública diante de uma sociedade demagoga, não deu escolha ao único que deveria escolher se serviria de modelo. Sim, “passarei o pano” para Maradona e “utilizarei o rodo” em qualquer caso que alguém for autêntico e prejudicar somente a si mesmo. Carrego a culpa de ter consumido a privacidade de Diego e de alguma forma ter uma parte da responsabilidade sobre sua morte. Para entender, compreender ou procurar um culpado para aliviar a consciência, na 27

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