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SÓCRATES Dezembro 2020 política se misturam Entre 1939 e 1941 o Brasil se manteve neutro na guerra entre o Eixo e os Aliados. Principalmente após a rápida e fácil invasão da França pela Alemanha, onde ficava claro que o exército nazista tinha muito poder de fogo e que sua vitória naquele momento era até provável. Com o não envolvimento dos Estados Unidos no primeiro momento da guerra, a posição de neutralidade brasileira era natural. Em 1942, porém, o muro não era mais um lugar para se permanecer e o Brasil declarou guerra contra Alemanha, Itália e Japão. E isso afetou diretamente o futebol na capital paulista. Com a lei de 11 de março do mesmo ano, que mandava confiscar os bens de estrangeiros do Eixo presentes no país, alguns clubes correram o risco de terem seus estádios confiscados. No lado alvinegro, o historiador Fernando Wanner apontou que, apesar da Espanha não participar oficialmente do Eixo, o General Franco, ditador do país, era bastante próximo das ideias fascistas. Por isso o presidente do Corinthians, o espanhol Manuel Correcher, teve que entregar o cargo para que o clube não perdesse o Estádio do Parque São Jorge. Mas foi do lado alviverde o estrago foi quase fatal. O clube teve que mudar de nome, deixando de se chamar “Palestra Itália” por conta da menção ao nome do país inimigo na guerra. O jornalista e historiador do Palmeiras Fernando Galuppo destaca esse período como o de maior tensão para a comunidade ítalobrasileira, quando ela era vista como uma inimiga do país e sofria pesado preconceito. “Foi criado um ambiente em torno do clube e seus símbolos, denominado vulgarmente como ‘Palestrafobia’, que fomentava a ideia distorcida de que era um clube ‘traidor dos ideários nacionalistas’ mesmo sendo um clube brasileiro em todas as suas as bases, estatutos e regulamentos. Exemplo prático disso foi a lei de 11 de março de 1942, quando o Getúlio Vargas, decretou o confisco de bens e de direitos de estrangeiros do Eixo residentes no País, com o objetivo de ressarcir os danos materiais à Marinha Mercante, mas que, na prática, também serviu aos objetivos políticos da nova ideologia vigente”, afirmou. Esse momento história também serviu para que a rivalidade entre o Palestra e o São Paulo Futebol Clube se aflorasse ainda mais. “O Corinthians é rival, o São Paulo é inimigo”, disse o ex-goleiro do Palmeiras Oberdan Cattani no livro “Os Dez mais do Palmeiras”, do jornalista Mauro Betting. 19

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